Caso Camila Queiroz: quando vale a pena bater de frente com o patrão?

Vânia Goulart participou de uma matéria do jornal A Gazeta repercutindo o caso Camila Queiroz e dividiu sua visão como gestora de RH. Leia sua análise abaixo:   Independente do caso Camila Queiroz, que tem outras nuances envolvidas, falar sobre quais são esses limites entre empresa e trabalhador, inclusive considerando as novas legislações, é importante. […]

Vânia Goulart participou de uma matéria do jornal A Gazeta repercutindo o caso Camila Queiroz e dividiu sua visão como gestora de RH. Leia sua análise abaixo:

 

Independente do caso Camila Queiroz, que tem outras nuances envolvidas, falar sobre quais são esses limites entre empresa e trabalhador, inclusive considerando as novas legislações, é importante.

Indiferentemente de qual foi o contrato, tudo pode e deve ser conversado e alinhado entre as partes. No contrato entra apenas qual é a função do funcionário, não entram suas atividades declaradas e descritas. Esses detalhes geralmente ficam na fala, na conversa, por isso é importante sempre ter um diálogo aberto.

Quando uma pessoa começa uma função e recebe outras intitulações, essa conversa pode ser iniciada novamente, renegociando e ajustando o que for necessário. A partir daí, tanto por parte do empregado quanto por parte da empresa pode haver uma rescisão. O funcionário pode não gostar das mudanças e pedir para sair, ou a empresa, em função do profissional não aceitar as novas atribuições (às vezes diferentes do inicialmente combinado), pode demiti-lo.

É muito importante ter clareza e detalhar tudo na conversa, porque as vezes a fala dá outra impressão. Por exemplo: na contratação, fica dito que o empregado poderá trabalhar em horário flexível. O que será esse horário flexível? Talvez para o patrão isso seja trabalhar até meia-noite, mas para o empregado pode ser fazer uma hora. O problema aí seria a falta de comunicação e clareza, que é um dos maiores problemas que existe em todas as situações.

Quando uma pessoa ocupa determinada função e o chefe a pede para realizar tarefas de uma outra função, ele pode estar ampliando o espectro de funções do empregado. Assim, pode decidir colocá-lo para treinar, planejar uma transferência e, é claro, perguntar se ele quer isso. Tudo isso precisa ser negociado e, obviamente, precisa ser aceito pelas duas partes.

Quando há um atrito, isso pode levar a uma demissão, é claro. A maior parte das demissões no mundo de hoje não é por falta de competência, mas por falta de relação entre as pessoas, principalmente entre os chefes e os empregados. Há muitos anos isso já é assim. O mesmo acontece com mudanças de atribuições, como mencionei anteriormente, que podem levar à demissão ou ao empregado decidir pedir para sair por não aceitar os novos termos.

Os limites sempre serão os limites do respeito. O meu limite e o meu espaço termina quando o do outro começa. Em qualquer relação esses limites não podem ser ultrapassados. Para cada momento, para cada ajuste de função, é preciso uma conversa clara e transparente, para que o funcionário tenha clareza sobre a função dele. Vale ressaltar que hoje uma das grandes exigências e solicitações do mercado de trabalho, em qualquer área, é que o profissional seja alguém disposto a ampliar o seu espectro de funções. É importante que o empregado entenda isso e perceba, em sua atual situação, o que é abusivo ou não.

 

Leia a matéria publicada no jornal A Gazeta, em 19 de novembro de 2021.

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