A volta ao normal, ou seja, trabalhar no presencial com todas as relações e presenças como foi até o início de 2020, tem causado certo incômodo e ainda muitas dúvidas. A pergunta que não pode ser respondida é exatamente a causa da inquietude generalizada e o retorno do medo, que no ano passado assolou a todos. Quando poderemos retomar as rotinas e atividades normais?
Saber se ou quando poderemos ter todos os serviços e interações sem nenhuma restrição ainda é uma dúvida, uma incerteza. Tem-se clareza do desejo e da saudade de quando se era feliz e nem sempre valorizava. O cérebro humano funciona em busca de uma estabilidade, de repetir e se manter em comportamentos e atividades que já são comuns até tornarem repetitivas. Assim, cumpre seu papel de economizar energia para situações de perigo. E isso explica parte dessa nostalgia na busca do “retorno ao normal”.
A própria palavra retomar não se caracteriza como tomar novamente? Voltar ao que era anteriormente? Pode-se também inferir que tomar novamente seja começar? Neste mundo digital, tudo vem mudando rapidamente e acredito que será impossível ter exatamente o que se tinha antes. Assim, o começar faz mais sentido agora. Estamos sempre no começo. Como disse Fernando Sabino: “De tudo, ficaram três coisas: a certeza que estamos começando, a certeza de que é preciso continuar e a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar. Façamos da interrupção um caminho novo. Da queda, um passo de dança. Do medo, uma escada. Do sonho, uma ponte (…)“.
Como construir novas pontes sem saber a altura das ondas? As respostas ainda são ambíguas, incertas. Muitas pesquisas têm apontado as novas formas de trabalho, como home office, híbrido, colaborativos (o “coworking”) mais próximos de casa. Além do nomadismo digital ter sido amplamente expandido para profissionais que, em princípio, nunca poderiam imaginar serem produtivos, tanto mais e melhor, dentro de suas próprias casas ou em qualquer lugar do mundo que queiram estar. Essa mobilidade trouxe benefícios para uns, mas desestrutura e insegurança para outros.
Esperar o retomar do normal é, por isso, uma ilusão. Melhor começar. Concentre-se em trazer o que te mantém seguro(a) e motivado(a).
Vamos começar? Siga seu caminho.
Texto escrito por Vânia Goulart, fundadora e CEO da Selecta.
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