Um dos maiores desafios para os líderes costuma ser engajar e conseguir comprometimento dos colaboradores. Apesar de não ser algo novo, isso permanece causando incômodo no mundo do trabalho. Criar um ambiente em que profissionais queiram ficar e trabalhar para construir uma carreira não é simples. Práticas de comando e controle não são mais suficientes na gestão e algumas lideranças ainda se veem perdidas sobre como agir.
Sentir-se acolhido e confiar na liderança é o que realmente engaja e integra as pessoas num mesmo propósito. Um líder mais humanizado e acolhedor sempre foi um diferencial nas empresas. É aquele que consegue cumprir metas mais rápido e que alcança bons resultados.
Ambientes de trabalhos tóxicos, com fofoca, competitividade e muitos conflitos já não conseguem atrair nem reter talentos. Estudos recentes mostram que hoje um profissional muda de empresa cerca de 12 vezes até se engajar em uma para se dedicar. Essa volatilidade também tem sinergia com a dinâmica do mundo atual: as mudanças hoje são velozes e experiências são apenas o ponto de partida, não mais a solução para os problemas.
Projetos só conseguem evoluir com conexão e colaboração de todos. A diversidade de pensamento e de ideias tem se mostrado cada vez mais eficaz para formação de equipes unidas e mais produtivas. Nesse cenário, o líder, que antes só precisava controlar e cobrar, hoje deve se abrir a um maior envolvimento com os outros profissionais.
A maior competência para o líder atual é se colocar aberto a desaprender para, então, aprender novamente. Apenas definir técnicas e processos já não garante uma boa execução. Conquistar a confiança dos profissionais das equipes é a chave para um bom relacionamento e comprometimento com o trabalho.
Uma pessoa quando entra numa empresa está em observação, mas também está observando, atenta aos sinais. Ainda insegura, precisa conhecer os caminhos e a real forma de se envolver. O processo de acompanhamento (integração/onboarding) fará toda diferença para resultados mais rápidos.
Uma boa metáfora para explicar o quão importante é a confiança entre o contratado e o líder é a seguinte: imagine a chave de sua casa – você conquistou o imóvel com muito esforço, por isso não entrega a chave para qualquer pessoa. Precisa confiar e ter certeza do bom uso que o outro fará. Assim também é com as habilidades e o conhecimento que uma pessoa leva para dentro de uma empresa – ela só as entrega quando sente confiança e acolhimento.
A contratação expõe apenas uma pequena parcela do potencial de uma pessoa. O restante, o esforço e a dedicação para entrega, vem com o envolvimento no trabalho. O líder precisa criar um ambiente onde cada pessoa possa se sentir confortável para entregar toda sua potencialidade a favor de bons resultados para si mesma e para a empresa.
Ser reconhecido e se desenvolver é o objetivo de todos os que trabalham. Se esse resultado não existe, com certeza há algo errado no ambiente e/ou na relação entre líder e colaborador.
Artigo escrito por Vânia Goulart, psicóloga especialista em gestão de carreira e lideranças e CEO da Selecta. Publicado pelo jornal A Tribuna em 05/07/2022.
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