Entenda quando é hora de mudar

Vânia Goulart, psicóloga especialista em gestão de carreira e liderança, concedeu entrevista ao jornal A Tribuna para falar sobre os sinais de que é hora de realizar mudanças na vida. Confira na íntegra abaixo: A Tribuna: Quais os sinais que mostram que é hora de mudar? Vânia: Mudar é sempre difícil, requer mais energia e […]

Vânia Goulart, psicóloga especialista em gestão de carreira e liderança, concedeu entrevista ao jornal A Tribuna para falar sobre os sinais de que é hora de realizar mudanças na vida. Confira na íntegra abaixo:

A Tribuna: Quais os sinais que mostram que é hora de mudar?
Vânia: Mudar é sempre difícil, requer mais energia e disposição. Nosso cérebro busca sempre nos manter na rotina para economizar energia. Portanto, na maioria das vezes, perceber a necessidade de mudança não é algo natural e simples. Na maioria das vezes, ela surge junto com uma grande frustração, uma separação, um desemprego repentino, um luto.
A mudança mais saudável é quando você decide se autoavaliar e ajustar seu caminho para obter resultados melhores e com menor desgaste. A hora de mudar é sempre quando o retorno está abaixo do esforço empregado
Para identificar a necessidade de mudança na carreira, por exemplo, a pessoa precisa se perguntar: eu faço o que gosto? Tenho tempo para cuidar de mim? Tenho momentos de descanso e relaxamento proporcionais aos de trabalho? Estou aprendendo algo novo? Tenho boas conexões com as pessoas que me relaciono? Se responder não para pelo menos duas dessas, está na hora de começar uma mudança.

A Tribuna: Por que algumas pessoas sentem essa necessidade e recuam, enquanto outras aceitam e mudam completamente?
Vânia: A mudança é algo difícil e mais lento, porque cada um possui seu tempo de aprendizado. Quem já experimentou mais isso ou viveu numa família que fazia mudanças constantes consegue acelerar esse processo. Esse aprendizado é igual a qualquer outro: é preciso mais de vivência do que de teoria.

A Tribuna: Por que, mesmo para as pessoas que encaram a mudança, fazer uma transformação em qualquer área da vida é tão difícil?
Vânia: Nosso organismo e nossos comportamentos são moldados para seguir rotinas e rituais construídos ao longo de nossa jornada de vida. Modificar e ou transformar requer novo aprendizado, novos rituais e rotinas. É como aprender uma nova língua: leva um tempo para se adaptar, mas a boa notícia é que com a nossa plasticidade cerebral podemos aprender tudo que quisermos em qualquer momento da vida! Para frases como “pau que nasce torto, morre torto”, eu sempre digo: só se quiser. O adulto só faz o que quer quando quer, portanto, não adianta contratar um especialista para te ajudar a mudar, se você não decidiu querer de verdade. Seria como contratar um personal trainer e não ir à academia: assim não conseguirá melhorar sua musculatura.

A Tribuna: A pandemia aumentou a necessidade de mudança para muitas pessoas. Por que acha que isso aconteceu?
Vânia: Ficar limitado, enclausurado, não é confortável para os seres humanos. As relações são fundamentais, somos seres relacionais, de contato. Além disso, esse período de pandemia exigiu uma ampliação das percepções de cada um sobre si mesmo, sobre a família, sobre a saúde. Modificou de forma abrupta as formas de trabalhar e de se deslocar. A exigência de mudança foi disruptiva e no ritmo da necessidade externa, o que exigiu um esforço maior de todos. Não houve tempo de perguntar se queria ou se precisava da mudança, ela simplesmente foi imposta. E não existe “novo normal”, mas sim um novo mundo, impactado por tudo isso que ainda está acontecendo. A segurança psicológica de todos foi abalada e as consequências ainda estão sendo percebidas.

A Tribuna: O que fazer para sustentar a mudança? Decisões mais rápidas e firmes ou melhor é um planejamento longo?
Vânia: A adaptação de cada um é individual e passa por processos diferentes, que precisam ser respeitados. Na verdade, não é “sustentar a mudança”, mas sim criar a sua para se relacionar com esses novos paradigmas. Cada um precisa descobrir seu próprio caminho e seguir buscando o equilíbrio. Uma boa forma é responder às perguntas que coloquei anteriormente (vide questão 1) e fazer seu plano de caminhada.

 

A matéria foi publicada no jornal A Tribuna no dia 10 de outubro de 2021.

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