Mudanças de hábitos requer comprometimento

Vânia Goulart é psicóloga, CEO da Selecta e especialista em gestão de carreira e liderança, concedeu entrevista ao jornal A Tribuna sobre mudanças de hábitos. Confira abaixo: A Tribuna: Muitas pessoas estão relatando querer mudar de profissão depois da pandemia. Por que acha que isso está acontecendo? Vânia: A pandemia…

Vânia Goulart é psicóloga, CEO da Selecta e especialista em gestão de carreira e liderança, concedeu entrevista ao jornal A Tribuna sobre mudanças de hábitos. Confira abaixo:

A Tribuna: Muitas pessoas estão relatando querer mudar de profissão depois da pandemia. Por que acha que isso está acontecendo?
Vânia: A pandemia colocou todas as pessoas em um lugar de isolamento, com poucas escolhas. Quando qualquer ser fica exposto a restrições, tanto mentais quanto físicas, são provocadas reações adversas, muitas inesperadas dentro de condições normais e naturais. Essa situação obriga a reflexões e ações para apressar uma adaptação. Por isso, a pandemia, de certa forma, obrigou a se fazer uma análise de valores, princípios, relacionamentos e, é claro, engajamento com seu propósito de vida, o que está diretamente relacionado à energia laboral.
Quais os principais motivos?
Frente a este novo cenário, muitas pessoas puderam avaliar os ganhos e perdas executando aquela função e perceberam que muito do que faziam não valia a pena, ou poderia ser feito de outra forma. Experimentaram também tarefas que não tinham ainda tempo para fazer e com as quais descobriram maior satisfação.

A Tribuna: O que podemos perceber em nossa rotina profissional que sinaliza que é hora de mudar?
Vânia: Vários são os fatores que sinalizam uma necessidade de mudança, mas partir para ação requer energia e, assim, muitos desistem e se acomodam. Com a pandemia essa reavaliação foi mais fácil e emergente, e a energia impulsionou muitos a mudarem.

Fatores que podem ajudar a entender se é hora de mudar:
1-    Se, no final de domingo, a pessoa começa a ficar triste pela semana que se inicia;
2-    Se os prazos estão sempre atrasados e a pessoa fica procrastinando as atividades;
3-    Se a pessoa possui dificuldade de relacionar-se com seus pares e, principalmente, com seu superior;
4-    Se as atividades se tornaram monótonas e/ou repetitivas, executadas no automático;
5-    Se tem muito tempo que a pessoa não aprende nada novo;
6-    Se a pessoa percebe que não ensina nada para ninguém.
A Tribuna: Como mudar de carreira depois de tantos anos trabalhando na mesma profissão? Quais devem ser os primeiros passos? 
Vânia: No processo de mudança, sempre o mais difícil é perceber a necessidade e reconhecer que o processo atual não está te fazendo bem. Nosso cérebro busca economia de energia e, assim sendo, procura manter a pessoa fazendo as coisas repetidas com menor gasto energético.
É preciso lembrar que mudar é um processo e não apenas uma atitude.

Os passos precisam ser assim:
1-    Descubra que a carreira não está te favorecendo, mas serve também para um comportamento e qualquer hábito que você queira mudar;
2-     Prepare sua transição financeira. Fazer uma reserva para sua transição aconteça sem ficar com dificuldades de subsistência;
3-    Descubra seus pontos fortes, escreva por um tempo tudo que você faz e que gosta. Atividades que você faz com facilidade e prazer;
4-    Defina como e onde você pode usá-los, e como você pode colocá-los para trabalhar. Comece a trabalhar com eles em paralelo e ou até como voluntário. É importante começar a trabalhar nessas novas habilidades antes de se desligar de sua carreira;
5-    Escreva seu projeto e seus passos;
6-    Para fazer a transição busque a convicção por meio da experiência e persistência na nova carreira.

A Tribuna: Como escolher o melhor caminho?
Vânia: Pesquisar o mercado e conhecer as próprias habilidades, estudar as opções, construir o plano e colocá-lo em prática. Depois, insistir e persistir até conseguir transacionar de uma carreira para outra. Muito importante é ser compreensível consigo e saber que os obstáculos não são sinais para desistir. É preciso enfrentar o medo e vencer a inércia da rotina.

A Tribuna: Quais os principais desafios que surgem com essa decisão de mudar de carreira? Como se preparar para enfrentá-los?
Vânia: O que mais impede as mudanças são os medos, que mantêm as pessoas na inércia. A fase mais importante é a fase de manutenção, é ampliar a fase de sustentar seu plano de mudança e se manter, para que a mudança aconteça.
Ninguém consegue correr uma maratona de uma vez só, mas aos poucos e com foco, todos podem.

A Tribuna: Em sua opinião, 2022 é um bom ano para mudanças?
Vânia: Não acredito em um “ano para mudanças”. Cada um precisa avaliar seu momento e fazer sua caminhada. Para mim, sempre é tempo de mudar aquilo que não está bom, para que você possa crescer e se desenvolver. 2022 aponta para uma nova possibilidade, com as pessoas retomando diversas atividades, após um momento de muita descoberta e reflexão. Aproveitar essa transição é muito bom. Siga seu caminho e seja feliz, acorde para colocar suas habilidades a serviço do outro seguindo o seu propósito.

 

A matéria foi publicado no jornal A Tribuna em 05 de dezembro de 2021.

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